Compositor: Edith Piaf / Jacques Datin
Eu vivo em um canto do velho Montmartre
Meu pai chega em casa bêbado todas as noites
E para alimentar nós quatro
Minha pobre mãe trabalha na lavanderia.
Eu estou doente, sonhando em minha janela
Olhando passar as outras pessoas
Quando o dia acaba de desaparecer
Há coisas que me dão um pouco de medo
Em minha rua há pessoas que caminham
Eu as ouço sussurrar pela noite
Quando adormeço embalada por uma cantiga
Sou de repente desperta por gritos
Por apitos, passos que erram, que vão e que vêm
Depois o silêncio me faz frio em todo o coração
Em minha rua há sombras que caminham
E eu tremo e eu tenho frio e tenho medo
Meu pai me disse um dia: "menina,
Você não vai ficar aí para sempre
Você não serve pra nada, isso é de família
Deves buscar ganhar teu pão
Os homens te acham muito atraente
Você só tem que sair à noite
Também há mulheres que ganham a vida
Rebolando pelas calçadas
Em minha rua há mulheres que caminham
Eu as ouço cantarolar pela noite
Quando adormeço embalada por uma cantiga
Sou de repente desperta por gritos
Por apitos, passos que erram, que vão e que vêm
Depois o silêncio me faz frio em todo o coração
Em minha rua há mulheres que caminham
E eu tremo e eu tenho frio e tenho medo
E há semanas e semanas
Eu não tenho mais casa, não tenho mais dinheiro
Eu não sei como as outras fazem
Mas eu não consegui encontrar qualquer cliente
Eu peço esmolas às pessoas que passam
Um pedaço de pão, um pouco de calor
Não tenho, portanto, muita audácia
Agora sou eu quem lhes assusta
Em minha rua todas as noites eu caminho
Eles me ouvem soluçar pela noite
Quando o vento sopra ao céu sua cantiga
Meu corpo inteiro foi congelado pela chuva
Mas eu não aguento mais, espero sem cessar que o bom Deus venha
Convidar-me para me aquecer a seu lado
Em minha rua há anjos que me acompanham
Para sempre meu pesadelo acabou